
As construções arquitetônicas são mais do que tijolo e argamassa: elas são testemunhos visuais da história, da identidade e do contexto social de uma época. Em Conquista, a análise dos nossos prédios históricos revela uma narrativa fascinante sobre poder, cultura e progresso.
O Domínio do Estilo Neoclássico
O estilo arquitetônico predominante em nossos edifícios mais antigos é o Neoclássico. Este movimento surgiu no século XVIII e se consolidou como uma reação à dualidade e ao exagero das formas típicos do Barroco, buscando a simplicidade, a razão e o ideal de beleza da Antiguidade Clássica.
A Arquitetura como Símbolo de Poder
Em Conquista, o Neoclássico não foi uma escolha estética aleatória; ele representava o poder e a estabilidade das oligarquias dominantes da cidade, composta por “Coroneis”, grandes proprietários de terras, comerciantes e políticos.
• Palacetes (como o do Coronel Manoel Marques) e prédios públicos (como o Fórum da Comarca) são exemplos desse estilo, sendo construções imponentes, retas, simétricas e com decorações sóbrias.
• O estilo mostrava forte influência do Neoclássico Francês (país tido como referencial de cultura e arte) e do Neoclássico Brasileiro.
• A inspiração Greco-Romana é evidente na apreço pela harmonia matemática, como visto nas colunas em estilo jônico (com as “volutas” encaracoladas na ponta) no Fórum da Comarca.
As Exceções: Gótico e Industrial
Apesar da predominância Neoclássica, duas grandes exceções enriquecem o panorama arquitetônico e contam histórias distintas da cidade:
1. A Antiga Igreja Matriz (Neogótico)
Uma análise da fotografia da primeira Igreja Matriz da cidade revela uma clara influência do Gótico/Neogótico. Este estilo, com elementos característicos como Pináculos, Rosáceas e Ogivas (arcos pontiagudos), contrastava com a sobriedade Neoclássica, marcando a arquitetura religiosa de forma singular.
2. A Estação Ferroviária (Industrial Inglesa)
A Estação Ferroviária, inaugurada em 1889 pela Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, representa a arquitetura do progresso e da modernidade.
• Diferentemente dos edifícios cívicos, a estação foi inspirada nas construções industriais inglesas do período.
• Essa escolha reflete a função prática e a origem da companhia, unindo o interior de Minas Gerais à rede ferroviária de São Paulo e consolidando a importância econômica do município.
Referências
• Município de Conquista (1918).
• Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XXIV, IBGE, 1958.
• Estações Ferroviárias do Brasil - disponível em http://www.estacoesferroviarias.com.br/mogiana_triangulo/conquista.htm
• SOUZA, Warley. "Neoclassicismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/artes/neoclassicismo.htm. Acesso em 23 de janeiro de 2024.
• IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Neoclássico. História das Artes, 2024. Disponível em: https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-seculo-18/neoclassico/. Acesso em 23 Jan 2024.
• Documento digitalizado: Relatório da directoria da Companhia Mogyana para a Assembléa Geral de 18 de Outubro de 1889.